
… que geram estresse emocional nos recém pais, uma demanda extra a sua já delicada tarefa de cuidar do bebê?
Por Maiana Rappaport – Psicóloga e Psicanalista
Desde a descoberta da gravidez, todo mundo quer tocar a sua barriga, tem um palpite pronto para ser dado, mesmo sem ser solicitado…
No puerpério, a mãe estará imersa em hormônios e no lugar de cuidadora primordial do bebê; aprendendo a amamentar e a decifrar as comunicações desse pequeno ser, um “desconhecido íntimo” que não vem com manual de instrução, não fala seu idioma, apenas chora frente a qualquer tipo de desconforto.
Nessa fase é muito importante a família ficar protegida de interferências externas, conselhos e críticas verticais para poder observar, conhecer seu bebê e conectar-se a ele. Palpites não ajudam, aliás, só atrapalham esse casal que já está ansioso e inseguro, querendo aprender!
Por isso é importante termos em mente que as vivências de cada um são subjetivas, pessoais e intransferíveis. Não é porque a sua mãe, sua sogra ou sua amiga fizeram de um determinado jeito na criação dos filhos que você deverá seguir o mesmo caminho.
A maternidade é pessoal. Se alguém insistir em dar chupeta para o seu bebê, argumente, por exemplo: “não vou dar chupeta pois li muito sobre amamentação e sei que a introdução de bicos artificiais pode atrapalhar a amamentação…”.
Com calma e empatia tente dialogar e mostrar o seu ponto de vista, não deixe de expor a sua opinião. Nem sempre o que é bom para uma mãe é bom para a outra e, se estiver difícil demais de lidar com os palpites e intromissões, procure ajuda. Nesse sentido, caberá ao pai e aos avós protegerem essa mãe e o casal dessa situação de exposição ao estresse.
Os recém pais precisarão apoiar-se nas suas referências de confiança, eleitas ao longo da gestação, como: o pediatra, a doula, conhecimentos adquiridos em cursos e aqueles passados através da cultura familiar. Podendo revê- las à medida que na prática mostrarem-se ineficientes ou inadequadas para aquele grupo familiar.
Outra boa medida que os recém pais poderão adotar seria comunicar aos palpiteiros seus temores, medos e desconfortos, nesse lugar de principiantes e o desejo de aprenderem a partir de sua própria experiência: seus acertos e erros. Além de procurarem dizer da forma mais clara possível, àqueles escolhidos como suporte, que tipo de ajuda e apoio gostariam de receber, pois assim como a boa ajuda e apoio são aquelas em que eu me coloco a disposição das necessidades do outro e não realizo ações de acordo com que eu entendo ser melhor para o outro, quem vai ajudar e apoiar não tem como adivinhar as suas necessidades, precisamos ajudar o outro a nos ajudar.
É fundamental manter a franqueza. Essa atitude é também uma forma de proteção para estabelecer limites que serão importantes ao relacionamento familiar no futuro. Nesse sentido talvez ajude pai e mãe do bebê conversarem cada um com sua família de origem e colocarem os desejos do casal.